Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A chuva cai

domingo, 29 de setembro de 2013

(Falta de) Sensibilidade



sábado, 28 de setembro de 2013

À espera do que não vem

                                                              Algures perto de Baião, 21 Junho 2010

Não posso dizer que não gosto de bruxas. Há uma de que gosto, muito. Mas ela não sabe, nunca lhe disse.

Eu sei que se ela alguma vez olhar para mim com outros olhos que não sejam os de ver, será para me usar como ingrediente no seu caldeirão de poções borbulhantes e fumegantes.

Coitada, ela até nem é má rapariga, mas tem o defeito de acertar quando fala de mim. E há uma que me está atravessada, há muitos anos. Agora voltou a falar, e sei que vai acertar. Mas agora já nada me interessa, não me preocupo se falhar, a menos que as coisas não sejam como (me) parecem ser.

Eu gosto da bruxinha porque ela é como eu, também acerto muitas vezes, infelizmente é sempre no lado errado da noite.

Sempre que vejo a Lua, e vejo-a muitas vezes, sempre que posso, imagino-a a passar sentada na sua vassoura voadora.


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Em frente da bandeira

                                                                            imagem copiada de www.wook.pt

Ia pela rua fora sem pensar em nada. De repente...
De repente uma sensação estranha apodera-se de mim, algo que não saberia explicar.
De um momento para o outro passei a ter algo em que pensar, o nada transformou-se em alguma coisa.
Mas continuava a não saber explicar o que era nem o que sentia.
Até que me lembrei do Júlio Verne.
Claro, eu estava "Em frente da Bandeira", por isso fiquei assim.
Devo dizer que não é nada de que me orgulhe.
Para mim foi um acto de cobardia.

domingo, 22 de setembro de 2013

Nascimento

                                       Lisboa, Miradouro São Pedro de Alcântara, 11/Agosto/2013

Bolas, porque abrem assim a porta de repente, sem avisar?
Uma pessoa está aqui há uma data de tempo completamente às escuras, e agora com esta luz toda nem se vê nada.
Quem são estes tipos todos aqui a olhar para mim?
Ei, mas o que é isto? Porque me estão a bater? Eu não fiz nada!

Bem, deixa-me cá ver para onde me levam...
AAAIII!!! Um monte de tipos todos iguais que só se distinguem pela pulseira com número.
Mas, mas…  isto deve ser uma fábrica de clones!
Ei, eu também tenho uma pulseira, eu também sou só um número...

SOCORRO, TIO PAULO, SALVA-ME!!!


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A terra acaba mas os sonhos não

                                                                  Cabo da Roca, 13/Setembro/2013

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O medo da noite

                                                           Praia de Vieira de Leiria, 21 Junho 2012

As sombras do anoitecer adensam a escuridão do medo.
O pio das gaivotas soa como um corvo agoirento.
O marulhar das ondas lembra a marcha descompassada de um exército cada vez mais próximo.
O vento passa por mim como se uma bruxa voasse em meu redor cavalgando a sua vassoura.
Porque não pode e Sol ficar eternamente preso na linha do horizonte?


sábado, 7 de setembro de 2013

Diálogo

                                                        Hotel Visabeira, Viseu, 6 Setembro 2006

- Que estás a fazer?
- Nada.
- Então anda, vamos a...
- Não!
- Nem me deixaste acabar, não sabes o que ia dizer.
- Não interessa, não vou a lado nenhum.
- Porquê?
- Porque não quero.
- Mas não achas que...
- Não acho nada, deixa-me sossegado, acabou o diálogo.
- Diálogo? Chamas a isto diálogo? Não disseste nada, eu também não disse nada porque não deixaste e chamas a isto diálogo?


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O comando da vida não tem pilhas

                                                                     Praia da Adraga, 20 Agosto 2013

O sonho comanda a vida” e
Sempre que o homem” olha para o céu e “sonha” com carneiros, leões ou peixes, em vez de ver o que realmente lá está, “o mundo pula e avança” até ao estado actual em que se encontra a nossa civilização.
Porque se ama se o sagitário acertar na virgem e se mata se o leão não gostar do carneiro, e qualquer outra coisa acontece se o não sei quê estiver em conjunção com não sei quem. Se não estiver em conjunção também acontece qualquer coisa.
É preocupante sobretudo pelo nível de contaminação que a coisa atingiu. Pessoas que eu julgava acima de qualquer suspeita desiludem-me.
Karma, destino, ou............

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Um novo dia

                                       Mem Martins, 1 Outubro 2011

Um novo dia está quase a nascer. Tão igual e tão diferente de todos os outros que nasceram anteriormente. Tão igual mas sempre um passo à frente na espiral da evolução. Tão diferente porque nós humanos o queremos assim diferente. Tão diferente porque há sempre alguém que se recusa a fazer as coisas de forma sempre igual.
Cada dia novo vem carregado de esperança. Que a ousadia da diferença vença a resignação da igualdade.

O que nos trará o novo dia?

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Se fosse indio

                                           Termas de Carvalhelhos, 21 Junho 2010

Se fosse índio havia de ver todos os dias a sua cara pintada reflectida nesta água.
Se fosse índio a erva alta seria a sua cama todas as noites.
Se fosse índio as árvores iriam ajudá-lo a construir a sua cabana, o seu arco, o cabo do seu machado de paz.
Se fosse índio lutaria até à morte para impedir que os invasores lhe roubassem a sua terra, a sua água, a sua erva, as suas árvores.
Mas não era índio. Meia hora depois de ter chegado só lhe apetecia entrar no seu cavalo com rodas e regressar à sua gaiola de cimento, na companhia dos restantes caras pálidos.

domingo, 1 de setembro de 2013

A porta

                               Convento de Cristo - Tomar, 13 Julho 2008

O corredor era comprido e tinha ao fundo uma porta, sempre fechada.
Nunca abras aquela porta, senão...
O próprio corredor não era sitio que se pudesse frequentar muitas vezes em carne e osso, era apenas palco da imaginação de quem procurava um espaço amplo para desenvolver as actividades próprias da sua idade.
As referencias à porta sempre fechada eram invariavelmente acompanhadas de reticências. E que reticencias.
Já conhecia todos os tons em que as reticencias podiam ser interpretadas. Havia as maiores, as menores, com sustenido, com bemol...
Não faças isso, senão...
Não digas isso, senão...
Come tudo, senão...
Não vás para ali, senão...
Vai estudar, senão...
Não vistas isso, senão...
Mas em relação à famosa porta, eram sempre produzidas em tom de sétima aumentada. E em registo fortíssimo.
A seguir às reticencias vinha sempre, se fosse caso disso, o ponto de exclamação.
As reticencias podiam ser contornadas, mas ao ponto de exclamação não se conseguia escapar.
E por isso a porta manteve-se estanque aos olhares indiscretos até hoje. Porque mesmo com reticencias, se aparecesse o ponto de exclamação seria o último. Estava decidido.
A porta, aquela porta, aquela porta que estava sempre fechada, foi aberta. Apenas para se ficar a saber que não conduzia a lado nenhum.
Que diferença é que isso faz agora?