Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

O festival



Felizmente a minha televisão tem um botão para desligar.
E mais felizmente ainda, tenho um rádio, um leitor de cd’s e um gira-discos. É verdade, um gira-discos, que comprei há duas semanas e ainda não tive oportunidade de escrever um post sobre ele.

Nestas circunstâncias, quem é que precisa do festival da canção?

Admito (embora tenha muuiiitas dúvidas) que possa ser um programa de entretenimento aceitável para quem habitualmente vê televisão, mas fazerem daquilo um “concurso”? E ainda por cima com um “vencedor”?

Não sei se sabem a diferença entre um vencedor e um escolhido. Vou tentar explicar.
Um vencedor faz qualquer coisa para vencer. Marca mais golos, corre mais depressa, salta mais alto, atira objectos mais longe, nada, rema ou veleja mais rápido, come mais peças do adversário (não é canibalismo, é xadrez), etc.

“Gostos não se discutem” diz o ditado popular e com razão. Conhecem algum critério objectivo quer faça com que uma canção seja “melhor” do que outra? Eu não conheço nem acredito que exista. Ou se gosta ou não se gosta. Tal como se gosta ou não de batatas, arroz, favas ou chouriço.

O “vencedor” do festival é aquele (ou aquela, desculpa Bloco por este meu machismo) que tem mais votos, que é escolhido por mais pessoas . Que ainda por cima e ironicamente é diferente de gostos.

Antigamente havia os júris, que supostamente, alegadamente e outras coisas acabadas em “mente” estavam habilitados a escolher. Agora, além desses há também os possuidores de telefone, que por esse simples facto se encontram também habilitados a dar opinião.

E nesta matéria já se sabe qual é a política do nacional-cançonetismo: que se lixem os gostos, é votar nos nossos que é para ganharmos, carago.