Felizmente a minha televisão tem um botão
para desligar.
E mais felizmente ainda, tenho um rádio, um
leitor de cd’s e um gira-discos. É verdade, um gira-discos, que comprei há duas
semanas e ainda não tive oportunidade de escrever um post sobre ele.
Nestas circunstâncias, quem é que precisa
do festival da canção?
Admito (embora tenha muuiiitas dúvidas) que
possa ser um programa de entretenimento aceitável para quem habitualmente vê
televisão, mas fazerem daquilo um “concurso”? E ainda por cima com um “vencedor”?
Não sei se sabem a diferença entre um
vencedor e um escolhido. Vou tentar explicar.
Um vencedor faz qualquer coisa para vencer.
Marca mais golos, corre mais depressa, salta mais alto, atira objectos mais longe,
nada, rema ou veleja mais rápido, come mais peças do adversário (não é canibalismo,
é xadrez), etc.
“Gostos não se discutem” diz o ditado
popular e com razão. Conhecem algum critério objectivo quer faça com que uma
canção seja “melhor” do que outra? Eu não conheço nem acredito que exista. Ou
se gosta ou não se gosta. Tal como se gosta ou não de batatas, arroz, favas ou
chouriço.
O “vencedor” do festival é aquele (ou
aquela, desculpa Bloco por este meu machismo) que tem mais votos, que é
escolhido por mais pessoas . Que ainda por cima e ironicamente é diferente de
gostos.
Antigamente havia os júris, que
supostamente, alegadamente e outras coisas acabadas em “mente” estavam
habilitados a escolher. Agora, além desses há também os possuidores de
telefone, que por esse simples facto se encontram também habilitados a dar
opinião.
E nesta matéria já se sabe qual é a política
do nacional-cançonetismo: que se lixem os gostos, é votar nos nossos que é para
ganharmos, carago.