Talvez
um dia
Contra
ventos e marés
A
terra acorde já seca
Sem
a água do seu rio.
Talvez
um dia
Quando
os peixes protestarem
Deixe
de haver pescadores
Deixe
até de haver rio.
Talvez
um dia
Quando
os barcos atracarem
As
cordas e as correntes
Os prendam
ao próprio rio.
Talvez
um dia
Para
lá da Lua Cheia
Não
haja ondas nem espuma
Só
o leito seco do rio.
Talvez
um dia
As
colunas deste cais
Se
ergam, tristes, do fundo
Onde
antes era um rio.
Talvez
um dia
Até
as próprias gaivotas
Se
recusem a pescar
Nas
águas secas do rio.
Talvez
um dia
Deixe
até de haver memória
E
ninguém saiba ou recorde
Que
aqui havia um rio.
2016