Termas de Carvalhelhos, 21 Junho 2010
Ia
percorrendo o caminho com passos ligeiros, quase apressados, embora
não tivesse pressa, era antes a ansiedade de chegar ao destino
pretendido, agora que o pressentia aqui tão perto. A ausência de
pressa justificava-se também com a necessidade de pensar, tentava
antecipar o que iria fazer e dizer quando chegasse. A confiança era
aparente por isso ia mentalmente repetindo gestos e frases. De tal
forma ia absorto nos seus pensamentos que nem reparava no caminho
que, apesar de ser novo para si, ia percorrendo como se de um hábito
enraizado se tratasse. Talvez fosse o instinto que o guiasse.
Olhando
para a frente pareceu-lhe que faltava apenas uma curva, uma ligeira
hesitação fez abrandar a marcha, como se receasse continuar, porém
quase de seguida respirou fundo e atirou-se para a frente, para a
curva que pensava ser a última...
Junto
ao caminho havia uma pedra e foi aí que se sentou, com as pernas
semicruzadas os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos no queixo.
Não era cansaço, porque não estava cansado, era mais o desânimo.
À sua frente tinha um muro, o fim do caminho, o fim de mais um
caminho sem saída.