Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

domingo, 15 de janeiro de 2017

A cascata dos desejos


- Porque é que me trouxeste aqui? gritou ela.
- Porque é que estás a gritar? perguntou ele.
- O quê? gritou ela.
- Porque é que estás a gritar? respondeu ele desta vez aos gritos.
- Tu é que estás a gritar, respondeu ela.
- Tu gritaste primeiro, responde ele.
- Não se ouve nada com o barulho, gritou ela.
- Eu ouço, não precisas de gritar, respondeu ele.
- Vamos embora, disse ela.
- Não ouço nada, respondeu ele.
- Vamos embora, berrou ela.
- Ok, não sou surdo, respondeu ele.
Afastaram-se. À medida que caminhavam o som ia diminuindo até quase deixar de se ouvir. Iam os dois em silêncio, cada um com os seus pensamentos.
Ela tentou agarrá-lo e ele tentou esquivar-se.
Tal como diz a canção, não se ama alguém que não aprecia a mesma cascata.