Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

terça-feira, 9 de maio de 2017

4 F


Fado, Fátima, Futebol, e agora também Festival.
Houve um tempo em que toda a gente sabia a falava de futebol, mesmo aqueles que nunca na vida praticaram qualquer desporto, e que até ao levantarem-se do sofá tropeçam na carpete.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, já lá dizia o Luís Vaz, e agora quem não distingue um Dó de um Ré sabe o que é que é "melhor" em termos musicais. É a histeria colectiva, por todos os que sentem que está perto a conquista de um golo, perdão, de uma vitória, no Festival.
Sim, que se lixem os gostos pessoais. O Festival é um concurso, onde se elege a "melhor" canção, como se de um desporto se tratasse.
É mais um ranking, já há tantos outros. E taxativos. O jornal não sei o quê diz que o melhor país é não sei onde. A revista não sei das quantas escolhe a cidade Y como a melhor do mundo. E há também a melhor ilha, a melhor praia, o melhor restaurante, o melhor...
Apetece-me acrescentar um 5ª F: foda-se.

Em qualquer desporto, no futebol por exemplo, as equipas existem para competir umas com as outras, tentar marcar mais golos e ter mais vitórias. As que conseguem isso, no final dos campeonatos são as melhores.
Numa corrida, quem consegue correr mais rápido que os adversários, é o melhor.

Na música, como em outra arte qualquer, o objectivo é ser apreciada e não competir. Uma música não marca mais golos, não chega primeiro, não salta mais alto.
A música de que eu gosto é a MELHOR para mim, mesmo que outra tenha mais votos, mais likes, mais partilhas.
À conta disso até sou capaz de comprar o disco e ouvi-la mais vezes,

O capitalismo agradece todo o tipo de fanatismos e de histerias colectivas. Enquanto estão entretidos com isso...