Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
No princípio era o vento
Passava por aqui o processo da multiplicação dos pães.
Mas, não sendo deus nem milagreiro, o moleiro nunca viu reconhecida a importância da sua actividade. Numa sociedade sempre dividida em classes, ocupava um lugar tão baixo que não resistiu à passagem do tempo e do vento, que lhe levou as velas e deixou o seu modo de vida reduzido a uma parede oca encimada por um chapéu de tábuas já sem préstimo.
Hoje em dia os pães multiplicam-se com a ajuda de máquinas eléctricas, muita água e és trezentos e qualquer coisa. Tanto pão assim serve apenas para alimentar o padeiro nosso que há em cada esquina.
Porque continua a haver classes ainda mais baixas do que a do desaparecido moleiro, que continuam com fome.