Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O náufrago

SOS.
Naufraguei.

                                                           Sintra, Praia Grande, 19 Dezembro 2012

Quis navegá-la mas a danada foi mais forte do que eu e deitou-me ao chão, que é como quem diz, ao mar. Chão queria eu ter agora, onde pudesse pôr os pés, nem que fosse uma minúscula ilha só de areia e com uma palmeira no meio, mas nada, isto é, nado, pois é só o que me resta fazer, o que eu queria mesmo dizer é não há coisa alguma além de água.
Bem, excepto esta garrafa.
Não percebo nada de ondas, aliás nunca percebi. E esta aqui era enorme, devia ter no mínimo um metro e sessenta bem medidos, cabelos compridos castanhos, olhos claros, e derrubou-me num instante.
Sim, eu sei que sou um marinheiro de água doce, onde nem ondas há, mas esta não era constituída só por água, tinha cauda de peixe, tipo sereia, e acabou comigo em três tempos. Bom, quer dizer em três tempos e meio, porque eu ainda dei um bocadinho de luta.
Agora resta-me esta garrafa, vou escrever uma mensagem, esta mensagem, colocá-la na garrafa e atirá-la ao mar.
Que estúpido, no mar já ela está.
Vou dizer que estou mais ou menos aqui, são as únicas coordenadas que conheço, sei que é um bocado vago mas pode ser que ajude a localizar.
Com um bocado de sorte um dia a garrafa chega a terra e o pessoal do hospital psiquiátrico vem cá buscar-me.