Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Uma produção fictícia


A Sociedade Filarmónica “Amigos do Centro Cultural” leva a cabo a exibição da peça “O vivo que teimava em estar vivo”.
“Levar a cabo” é a expressão que melhor define o evento. Em primeiro lugar porque o dito vivo é levado à presença de um cabo da Guarda; em segundo lugar porque a apresentação acontece ao cabo de várias tentativas falhadas e frustradas, promessas, ilusões e desilusões, sonhos de glória no palco da vida e curto circuitos nas luzes da ribalta.
A peça é baseada na história verídica de um porteiro de uma sociedade filarmónica, que, ao contrário de abrir portas, tinha como missão fazer palhaçadas, providenciando para que nada faltasse ao entretenimento dos sócios da referida sociedade, até que a morte o separasse do seu posto de trabalho; para se manter vivo a si próprio e à sua sanidade mental, resolve fugir, utilizando para esse efeito como esconderijo da fuga um caixão que por ali estava, vazio, sem morto dentro.
A representação terá lugar na garagem da referida sociedade, e dada a exiguidade do espaço aconselha-se marcação prévia, ou em alternativa devem os presentes levar assento de casa, pois não se efectuam descontos a quem assistir de pé.