Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

domingo, 13 de março de 2016

O recanto escondido


O local ficava nos confins de um vale perdido entre montanhas distantes. Só a água se fazia ouvir ali. Os pássaros, que os havia por ali às centenas, esvoaçavam de árvore em árvore, mas os seus trinados eram abafados pela queda da água proveniente das chuvadas do fim do inverno.
Aproximou-se o mais que pode da cascata e procurou um sítio para se sentar. Havia por ali vários troncos de árvores tombadas e escolheu uma. Tirou a mochila das costas e pousou-a nos joelhos que o chão estava molhado dos salpicos da água.
Sem pressa abriu-a e tirou o farnel, e com toda a calma do mundo ali ficou a mastigar enquanto as sandes duraram.
Ficou contente consigo próprio por ter escolhido bem o sítio. Estava-se bem ali. O telemóvel que normalmente só tocava quando alguém precisava de si, ali não tinha possibilidade de o incomodar porque nem rede havia.
Acabada a comida passou à bebida, e novamente sem pressa ali ficou até que as sombras da tarde lhe indicaram que era tempo de deixar a civilizada natureza e iniciar o caminho de regresso à selva da vida quotidiana.