Como é que fora ali parar? Não sabia. Olhava
em volta e via-se sozinho no alto de um monte, apenas com a companhia de
pedras, muitas pedras.
A memória já o atraiçoava muitas vezes,
buscava lembranças dos antigos companheiros e não encontrava nenhumas, ou
porque tivessem já todos perecido há muito tempo ou porque nunca tivessem
existido.
Talvez fosse um produto do vento, essa
companhia inseparável, quer de verão quer de inverno. Talvez tivesse sido uma
semente perdida que as garras da ventania tivessem trazido e depositado
precisamente ali onde se encontrava.
Ou, quem sabe, fosse o sobrevivente
derradeiro do fogo que anos atrás consumiu quilómetros e quilómetros em redor.
Fosse qual fosse a sua origem, agora era
tarde para mudar. Nada mais restava do que aguardar a passagem dos dias, das
estações, dos anos, até ao momento em que largaria no chão a sua última pinha.