Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

terça-feira, 13 de maio de 2014

A curva


- Bom dia, pode dizer-me qual o caminho para…
- Vá por ali, faça aquela curva e depois vá sempre em frente até…
- Desculpe, mas eu nem cheguei a dizer-lhe para onde queria ir.
- De facto eu não sei para onde quer ir, mas também não lhe disse que o caminho o levava ao seu destino.
- Então como sabe que é indicado para mim? Se eu chegar ao fim e descobrir que estou no sítio errado?
- Fim? Mas quem lhe disse que aquele caminho tem fim?
- Não tem fim? Então ainda pior, nunca vou saber que cheguei a sítio nenhum.
- Sítio nenhum também não existe. Todos os sítios são alguma coisa.
- Pois bem, vou dizer-lhe o nome do sítio para onde quero ir, talvez assim me possa ajudar…
- Já o tentei ajudar, mas não aceitou a minha ajuda…
- Mas se nem sabe o que eu lhe ia perguntar…
- Também nem sabe como ir ao seu destino… estamos empatados.
- Acha que isso serve como ajuda?
- Se não fosse tão exigente, servia.
- Mas eu não estou a exigir nada, estou a pedir.
- E eu estou a dar.
- Porque não me dá a informação que eu quero?
- Porque é esta a informação que eu tenho para dar.
- Esta conversa não leva a lado nenhum, vou seguir o caminho que me indica, também não vejo mais nenhum…
- Não há mais nenhum.
- Porque não me informou disso?
- Porque não me perguntou.