Atracção
A traição
Atraição
(A)Tra(i)(c)ção
Aproximou-se devagarinho. E nunca mais se
afastou. Pelo menos durante três ou quatro anos. O nunca mais tem destas
coisas, às vezes demora esse tempo todo.
Poder-se ia pensar tanta coisa. Isto, é
claro, para aqueles que pensam tantas coisas. Porque há aqueles, mais
limitados, cuja capacidade de raciocínio se reduz à obediência cega a
preconceitos, que reduzem tudo à simplicidade das coisas difíceis, não sendo
portanto necessário pensar tantas coisas, basta apenas uma.
A relação causa-efeito nem sempre é linear.
Às vezes é uma rede. Cada vez mais está tudo em rede, as relações, as
causas-efeitos, e as relações causas-efeitos.
Passados os tais três ou quatro anos, e
finda a validade do nunca mais, afastou-se, também devagarinho.
Só que, agora o vagar era diferente. Muito
diferente.
O vagar do afastamento é completamente
diferente do vagar da aproximação.
O vagar da aproximação é como que uma
pressa, mas em câmara lenta.
Já o vagar do afastamento é como um
corredor que parou de correr por falta de forças e se arrasta penosamente, não
até à meta, porque não vai chegar lá e mesmo que chegasse não serviria de nada
pois já estava encerrada, mas até ao próximo posto de abastecimento. Líquido,
de preferência.