Fui bancário durante mais de vinte e cinco
anos. Não guardo grandes recordações desse tempo, excepto algumas situações
pontuais e alguns poucos bons amigos que conservo ainda passados cerca de nove
anos da passagem à reforma antecipada.
Naquilo que mais gostei de fazer na vida, o
atletismo, o mérito mede-se com um cronómetro ou com uma fita métrica. No banco
mede-se pelas palmadinhas nas costas.
Na maioria dos casos trata-se de gente
demasiado importante para que eu me importe com eles. Vive-se de pareceres e de
aparências. De ilusões e de desilusões. De valores monetários na coluna dos
créditos e de valores morais na coluna dos débitos.
Ainda bem que saí de lá. Pude assim
evoluir. De bancário passei a banqueiro. Mas um banqueiro bom, um banqueiro que
faz bancos. Não como a corja que constantemente nos entra pelas televisões
dentro, e que para o bem de milhões de pessoas, haviam de nem sequer ter
nascido.