Há uns anos li uma notícia que me deixou
estupefacto e que nunca mais esqueci: uma professora disse aos seus alunos, de
nove e dez anos, que o Pai Natal não existe, e foi despedida.
Além da revolta natural por ver a forma
absolutamente anormal como os poderes instituídos decidem a vida das pessoas
(uma pessoa que diz a verdade é privada do seu emprego, enquanto o bando dos
mentirosos ainda se acham no direito de se sentirem ofendidos), a minha maior
perplexidade adveio da incompreensão: não percebia como aquilo era possível, não
sabia de todo que em pleno século XXI houvesse tanta estupidez.
Muitos anos depois fez-se finalmente luz na
minha cabeça. É de facto incomensurável o poder da estupidez. Para este tipo de
gente, as pessoas não valem nada, são apenas objectos sem direitos nenhuns, nem
o mais básico direito a poder dormir descansado, e a quem se tem que fazer
lavagem ao cérebro desde pequeno para perpetuação da espécie.
Sim, depois do que eu vi, não me custa a
entender porque a professora foi despedida.