Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

sábado, 14 de março de 2015

A mosca


Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

- Que estás a fazer
- A escrever.
- Sobre o quê?
- Sobre moscas.
- E é só isso? Bzzzz?
- Enquanto a mosca voar é.
- Hã?
- Sim, quando a mosca pousar deixa de fazer Bzz e faz Tchoc!
- Tás maluco? Olha lá, se não tens nada para escrever porque é que não escreves a dizer isso mesmo? Ou então pura e simplesmente não escreves nada.
- Mas eu tenho sobre o que escrever. Uma mosca é um assunto tão sério como outro qualquer. Conheces aquela quadra do António Aleixo que é assim:
Uma mosca sem valor
Pousa com a mesma alegria
Na careca dum doutor
Como em qualquer porcaria.
- Não compares o António Aleixo com a porcaria do teu escrito.
- Aha, tás a chegar lá, vês? Apesar de burro, de vez em quando tens umas ideias boas. É isso mesmo, porcaria. Há pessoas que são uma autêntica porcaria, mas que têm outras à volta atraídas como moscas. E é sobre essas moscas propriamente ditas que eu quero escrever, sobre a porcaria fica para outra altura.