Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

segunda-feira, 30 de março de 2015

A trotinete


O braço doía-lhe. O cotovelo estava esfolado e a sangrar. Não que isso o preocupasse muito. Havia lá coisa melhor do que cair ao andar de trotinete.
O que o preocupava mesmo era que daqui a meia hora estaria em casa, e habituado que estava às prioridades do lugar, sabia que ia ter chatices por chegar com a manga da camisola rota. Sim, que a manga da camisola era mais importante que o seu direito a brincar.
As regras, sempre as regras, eram claras: o filho da Dona Inácia e do Senhor Jacinto não podia andar na rua a fazer aquelas figuras tristes, o que é que os vizinhos iriam pensar, valhamenossasenhora.
Previa um tempo de reclusão para a trotinete, escondida algures na despensa debaixo da saca das batatas. Durante algumas semanas passaria a ser uma trotinerte.