Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Passeio de lobo mau pelo bosque encantado


- Tu és o lobo mau?
- É o que dizem de mim.
- Porquê?
- Porque a maior parte das pessoas não são capazes de dizer "não sei", dizem sempre qualquer coisa mesmo que seja inventada só para ficarem bem vistas perante os outros.
- Ah, e porque é que és mau?
- Achas que sou mau?
- É o que dizem.
- Já te fiz mal?
- Não.
- Já me viste fazer algum mal?
- Não?
- Tens cabeça debaixo desse capuchinho vermelho?
- Claro.
- Então porque não a usas para pensar em vez de repetires o que os outros te dizem?
- Porque tenho de acreditar no que me dizem, e obedecer também, senão batem-me
- E achas isso bem?
- Não sei, sempre foi assim.
-  Certo, então se achas que eu sou mau só porque te dizem, começa a correr e foge de mim.
- Mas tu não me fizeste mal.
- Em que é que acreditas afinal, no que vês ou no que te dizem?
- Agora não sei, essa conversa toda baralhou-me.
- Bom, fazemos o seguinte: faz de conta que não nos encontrámos, eu sigo o meu caminho e tu segues o teu.
- Mas vamos os dois pelo mesmo caminho, podemos conversar.
- Eu vou entrar no caminho da floresta.

(Continua)