Enquanto esperava, sentei-me. Não que isso
fizesse alguma diferença. Não iria fazer o tempo passar mais depressa, não me
ajudaria a pensar melhor, talvez a única vantagem seria descansar um pouco as
pernas. A jornada ainda seria longa.
Longa e dura.
Porque para falar verdade, estava no
caminho errado. Sabia que estava no caminho errado, mas, por qualquer razão
obscura, obstinava-me em percorre-lo.
A dureza não estava na dificuldade do
caminho propriamente dita, estava no que me custava percorre-lo mesmo sabendo
que não levava a lado nenhum. Mesmo sabendo o que iria custar quando o caminho
chegasse ao fim.
É um pouco irracional, eu sei, é quase como
a fuga à morte. É inevitável, todos sabemos, mas queremos adiá-la o mais
possível. Eu sabia o que me irisa custar chegar ao fim do caminho, seria assim
como uma morte, mas queria adiar essa chegada o mais possível, queria adiar o momento
de ter de admitir mais um falhanço.
Vendo bem as coisas, este falhanço, ao
contrário de outros, começou no preciso instante em que me meti ao caminho. O
porquê de não ter parado logo e ter continuado, persistindo no erro, é que
permanece um mistério.
No fundo, ao fim de tantos caminhos mal
percorridos, e de tantos erros, talvez seja altura de finalmente reconhecer a
minha incapacidade de me orientar pelos métodos tradicionais, e comprar finalmente
um GPS.