O primeiro escrito deste blog, já lá vão
quase cinco anos, contava a história de um ser que habitava na floresta negra.
Hoje tenho à minha frente outro ser e outra
floresta, esta verde.
Este ser é diferente e especial. A começar
pelo facto de não ter nome.
Tudo tem que ter um nome, portanto
chamemos-lhe Maria, porque Marias há muitas e é um nome que fica bem a qualquer
ser.
Maria, esta, ao contrário da outra, não
está fechada numa masmorra. Maria, esta, está fechada num palácio, mas ao
contrário da outra, não sabe que está fechada.
Há uma diferença enorme entre uma masmorra
e um palácio, tal como há diferenças enormes entre as duas Marias. Mas haverá
diferenças entre estar-se fechado, quaisquer que sejam as circunstâncias? Não
há, mas há quem queira acreditar que sim. É a ilusão que comanda o sonho e por
sua vez a vida.
A floresta verde não é assim tão diferente
da floresta negra, excepto na cor, mas a cor é apenas um pormenor sem
importância. A cor da floresta está para os seres que as habitam como a cor das
flores está para os insectos: atrai, embora haja quem não acredite nisso.
Escapar de uma floresta requer um grande
sentido de orientação, ou uma grande coragem, ou uma grande sorte, ou outra
coisa qualquer. Não é fácil sair de uma floresta.