Alheio ao que me rodeava, ouço chamar mas
não ligo, não é para mim, não deve ser para mim. O mar, as rochas, a falta de
luz, a falta de nuvens, a neblina, concentravam a minha atenção e a minha
irritação. As fotos estavam a ficar uma porcaria
O chamamento continuava e agora mais perto.
Voltei-me e…
Aqueles olhos! Vai ser impossível esquecer
aqueles olhos. De repente deixei de ver o mar, as rochas, a neblina, para
passar a ver só aqueles olhos que falavam comigo.
A pergunta era idiota, mas embasbacado que
estava nem a percebi e tive que pedir para repetir. Tenho a noção de que a
minha resposta também não deve ter sido melhor.
Agradeceu e continuou o seu caminho, sem me
dar tempo de fazer um comentário sobre os seus olhos. Aliás, mesmo que tivesse
tempo duvido que o conseguisse fazer.
Fiquei a vê-la afastar-se. Confesso que não
tirei os olhos do seu rabo até ela desaparecer, mas apenas para me certificar
que não era de peixe.
Não era, e se dúvidas houvesse, as pegadas
que deixou provavam que não era nenhuma sereia.