Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

sábado, 16 de maio de 2015

Sereia


Alheio ao que me rodeava, ouço chamar mas não ligo, não é para mim, não deve ser para mim. O mar, as rochas, a falta de luz, a falta de nuvens, a neblina, concentravam a minha atenção e a minha irritação. As fotos estavam a ficar uma porcaria
O chamamento continuava e agora mais perto. Voltei-me e…
Aqueles olhos! Vai ser impossível esquecer aqueles olhos. De repente deixei de ver o mar, as rochas, a neblina, para passar a ver só aqueles olhos que falavam comigo.
A pergunta era idiota, mas embasbacado que estava nem a percebi e tive que pedir para repetir. Tenho a noção de que a minha resposta também não deve ter sido melhor.
Agradeceu e continuou o seu caminho, sem me dar tempo de fazer um comentário sobre os seus olhos. Aliás, mesmo que tivesse tempo duvido que o conseguisse fazer.
Fiquei a vê-la afastar-se. Confesso que não tirei os olhos do seu rabo até ela desaparecer, mas apenas para me certificar que não era de peixe.
Não era, e se dúvidas houvesse, as pegadas que deixou provavam que não era nenhuma sereia.