Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
Na rota das grandes ondas
João levou-a de carro até a Boca do Inferno. Estacionaram, sairam e sentaram-se num muro a uma distância segura, a ver o mar bater contra as rochas.
João é um nome fictício. Sempre quisera ter um pseudónimo mas nunca tivera arte para criar nada pelo qual pudesse ficar conhecido. Restava-lhe arranjar um nome fictício, que até combinava bem com a sua fictícia existência.
João não gostava da água, tinha medo do mar, detestava as ondas e enjoava só de pensar nos balanços de um navio.
Mas o melhor sítio que encontrou para levar a amiga nova a passear foi precisamente o local onde a fúria da água se mostra em todo o seu esplendor. Talvez se sentisse mais corajoso por isso.
Sentados no tal muro a uma distância segura, contou-lhe histórias de navegadores, aventureiros e piratas. Relatou-lhe proezas de velejadores e surfistas.
Daqui a alguns meses, com a chegada do verão, uma simples ida à praia iria revelar toda a verdade da sua relação com o mar. Até lá tinha que aprender a nadar.
É verdade, João nem sequer sabia nadar. Talvez fosse esse o trauma maior da sua existência.