Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Debaixo do mesmo tecto


Não estava frio nem calor. Estava uma daquelas temperaturas que tanto podiam dar para uma coisa como para outra.
Não era cedo nem tarde. Era uma hora em que ainda se podia fazer muita coisa, ou que talvez já não desse para fazer nada.
Não chovia nem fazia sol. Talvez o tempo se aguentasse se as nuvens passassem ao largo ou talvez chovesse a cântaros se o vento as empurrasse na direcção errada.
Não apetecia ficar nem sair. Não havia nada para fazer ali nem havia nada que apetecesse fazer lá fora.
Não queria falar nem calar-se. Não queria que o obrigassem a contar nem queria que o impedissem de se expressar.
Não sabia se rir ou chorar. No futuro, de cabeça fria, talvez achasse graça, mas agora não tinha graça nenhuma.
Assim, ficaram ali os dois debaixo do mesmo tecto, cada um a dar corda aos seus próprios pensamentos, até que o destino que ali os juntou, os voltasse a separar.