Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
terça-feira, 5 de julho de 2016
A alface
Quem venha aqui à espera de encontrar relatos de tratamentos milagrosos à base de alface, esqueça, veio ao sítio errado. Aqui fala-se de factos, não de crendices.
Desconfio que não deve haver alimento nenhum que não tenha a sua legião de fãs, apoiados por mensagens difundidas pela internet, do estilo "A cura pelo (alimento x)".
Do amendoim ao tremoço, passando pela batata, o repolho ou o cogumelo, tudo tem uma propriedade, uma vitamina, uma enzima, quiçá até mesmo um mineral que faz bem a quase tudo incluindo unhas encravadas.
Possivelmente a alface também terá as suas propriedades, mas agora que penso nisso reparo que não me recordo de ter visto alguma mensagem sobre a dita planta. É uma falha grave.
O que é que a alface tem de especial para eu vir aqui falar dela? Nada a não ser o facto de ser até agora o único produto que colhi da minha horta. E dois factos extraordinários me chamaram a atenção.
1º facto extraordinário: as alfaces são pequenas. Já colhi umas seis ou sete e em todas elas o tamanho não chega a metade daquelas que se vendem nos mercados. A terra foi estrumada antes, eu deixo-as ficar até umas semanas mais do que o tempo indicado no livro de instruções, mas mesmo assim elas não crescem.
2º facto extraordinário: as alfaces duram muito tempo. Tenho uma alface no frigorífico há perto de duas semanas e está como nova, ainda hoje a comi, enquanto as de compra ao fim de três ou quatro dias servem para ir para o lixo.
A minha salada resume-se a uma folha de alface migada para dentro do prato. Detesto as restantes coisas com que habitualmente estragam as saladas, como cebolas, tomates e outras coisas de que nem sei os nomes. Já para não falar dos molhos e condimentos nojentos dos quais destaco pela negativa o pior de todos, o vinagre.
Daqui se depreende que uma alface para mim poderia durar muito tempo... se durasse. Acontece que não duravam. Eu comprava alfaces enormes das quais consumia meia dúzia de folhas e deitava fora o resto porque se estragavam. Agora com estas "Made in minha horta" como-as até ao fim.