Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
quarta-feira, 13 de julho de 2016
Passeio a pé
"Lose your memory in a thousand places
Disappearing in a sea of faces,
Always lonely,
I live tho only way I know."
(John Miles / Remember yesterday)
Havia uma pedra do caminho que me acompanhava já há algum tempo. Por causa dela tive que parar. Sentei-me no chão, era o que havia, e descalcei o sapato. Aproveitando a paragem, descalcei também o outro, sacudi-os bem e ali fiquei por uns instantes com a garrafa de água na mão e o boné bem puxado para a frente por causa da intensa claridade. Quando já me começava a doer o rabo por causa daquele chão duro voltei a calçar os sapatos, levantei-me e continuei a caminhada.
"Por causa dela tive que parar", "Por causa dela tive que parar", "Por causa dela tive que parar". Agora a frase não me saia da cabeça, tal como acontece com aquelas músicas chatas que ouvimos no rádio logo de manhã e passamos o dia a trautear.
Ali no meio de nada que antídoto é que poderia haver para isto? Contar os passos pareceu-me uma boa ideia, mas não resultou, de x em x passos lá vinha a frase à memória.
Cantar? Talvez, mas em breve a respiração se tornou ofegante porque apesar de ser um simples passeio, o ritmo da caminhada era mais para o alto do que para o baixo.
Parei de novo. Desta vez não foi por causa dela, foi para tirar da mochila uma caneta e um pedaço de papel. Por causa dela ia sair mais um soneto.