(Presencia pode ser um misto de presença e
ausência, um estádio intermédio entre o nada e alguma coisa, a saudade de um
tempo que nunca existiu)
Então, vais-te já embora?
Sabes, gostava que ficasses mais algum
tempo, para falar verdade o que gostava mesmo era que ficasses.
Mas compreendo, precisas de te levantar, de
esticar as pernas, de andar. Pena que não te voltes a sentar.
Sonhei muitas vezes que estavas aqui
sentada à minha frente. Eu sei que isto não faz sentido, porque o mundo é construído
por pessoas que andam, dos sentados não reza a história, mas que queres, ficava
contente se pudesse ficar aqui sentado contigo à minha frente.
No fundo, o problema deve ser da cadeira. Todas
as cadeiras têm um problema e esta não é excepção. Por mais confortáveis que
sejam, as pessoas têm que se levantar, não é?
A tua cadeira está vazia. Já te levantaste.
Sem te virares, sem te despedires, partiste. Talvez não me conheças, talvez nem
sequer saibas quem eu sou.
Ou talvez eu próprio não saiba quem tu és.