Viviane, era o nome que ela lhe tinha dito.
Curioso, pensou, conheceram-se num supermercado, no corredor das águas, meteram
conversa a caminho da caixa e acabaram combinando encontrar-se junto à fonte.
Não havia nada que fazer junto à fonte,
excepto esperar. E em pé, pois bancos não havia e a pedra que circundava a
fonte estava molhada. Pôs-se então a caminhar em círculos, pequenos a
princípio, aumentando o seu tamanho à medida que o tempo passava, até ter
percorrido várias vezes o terreiro onde estava implantada a fonte, sempre com
as mãos atrás das costas.
Já as sombras da noite iam tomando conta de
cada pequeno recanto à sua volta, substituindo sem apelo a fosca claridade do
fim do dia, e ainda Artur por ali andava às voltas com os seus passos compassados
e os seus pensamentos descompassados.
Até que, a meio de uma das suas voltas, que
estava destinada a ser a última, parou, olhou longamente para a fonte e encaminhou
os passos para a saída.
Continuava com as mãos atrás das costas mas
agora caminhava cabisbaixo. A história nunca se repete, ocorreu-lhe.
De facto, Viviane, a outra, a Senhora do
Lago, entregou a Artur, o outro, o Rei, uma espada.
Viviane, esta que em pensamentos apelidara
de Senhora da Fonte, cravou-lhe a ele Artur, o crédulo, um punhal na
autoconfiança.
A história, de facto, nunca se repete.