Há um longo caminho a percorrer. Nas
entranhas da terra, a luz do dia chega entrecortada nos seus diversos
cambiantes e sem uma parte muito importante da sua cor: o calor.
Lá, onde as raízes constroem as suas casas,
onde as minhocas se banham na lama do inverno rigoroso, onde as toupeiras
percorrem túneis escavados à força de patas vigorosas, um ser estranho e fora
do contexto, faz do ventre da terra a sua morada.
Diz que é temporário e passageiro. Diz que
é um meio. De transporte. Não passa porém de um prenúncio do fim. Quando por
fim repousar encaixotado, sob sete palmos de pedras e torrões de terra.