Nem eram precisas amarras. Estava atracado
e bem atracado. Em terra seca. As águas calmas da maré baixa apenas
apresentavam alguma ondulação com o passar vagaroso das embarcações.
De resto a espera antevia-se longa.
Estupidamente acreditara numa notícia de jornal, sem procurar confirmação. Os
jornais (e os órgãos de comunicação em geral) não só mentem, como também se
enganam.
Mentem descaradamente na sua missão de
informar, de acordo com as orientações ideológicas dos grandes grupos
económicos que os controlam; enganam-se desavergonhadamente porque o que
interessa são as aparências, e é mais importante parecer que se escreve muito
do que efectivamente escrever bem.
Escreveu o Jornal de Notícias que o nascer
da SuperLua seria às 19h09, e lá vai o otário do aprendiz de fotógrafo com a
máquina ao ombro e o tripé na mão. Nem uma camisolinha, só uma t-shirt em cima
do pelo.
Mais tarde começam a juntar-se mais algumas
pessoas em busca do mesmo, e conversa daqui e conversa dali, chega-se à
conclusão que seria às oito e um quarto.
O problema maior não foi a espera. O problema
mesmo foi o aparecimento de nuvens que taparam quase por completo um céu
anteriormente limpo.
Não se pode acreditar nos jornais nem nas
páginas de meteorologia.