Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Se eu fosse papel higiénico, de que cor seria?


Desde que a humanidade é humanidade, isto é, desde que os homnídeos deixaram de andar dispersos pelas florestas e passaram a viver em bandos sob as ordens de um chefe (um chefe para cada bando obviamente), que a busca do auto-conhecimento se tem imposto como um desígnio universal.

Quem somos?
De onde vimos?
Para onde vamos?

São perguntas que até agora ficaram sem resposta. Mas com a Teoria do Papel Higiénico, a célebre frase “Conhece-te a ti mesmo” inscrita no Templo de Delfos, mas que afinal parece que já tinha vindo de outro lado qualquer, ganha um novo significado e com ele a possibilidade de finalmente ver respondidas essas perguntas.

Eu sou um cagão de merda
E venho de casa a correr
Vou procurar uma erva
Para limpar o que escorrer.

Durante uma pipa de séculos a Teoria não pode ver a luz do dia, pela simples razão de que não havia papel higiénico. As folhas de papel antes de serem higiénicas eram de jornal, e antes de serem de jornal eram apenas folhas: de couve, de parreira, de bananeira, o que houvesse. Há até relatos históricos de cavalheiros distintos e madames finas, habituados ao luxo das cidades e ignorantes por completo da vida no campo, daqueles que não distinguem uma charrua de um ancinho, e que em momentos de maior aperto terão deitado a mão a um molho de urtigas que estava logo ali ao lado.

Mas agora tudo mudou com o advento das novas tecnologias.  
Sim, a cor do papel higiénico que usa é um método infalível de diagnóstico da sua personalidade. Ajuda-o a conhecer o seu eu interior. E não apenas pelo facto de olhar para a folhinha que tiver entre dedos depois de a usar. Isso é um caso para ser abordado futuramente, quando for publicado o Método de adivinhação pelos cagalhotos na folha de papel higiénico, um método de previsão muito superior por exemplo à análise das tripas de galo preto, de bosta de vaca, ou de borras de café.

A cor do papel higiénico define inequivocamente os traços do seu carácter, e permite-lhe conhecer em toda a sua plenitude as linhas orientadoras da sua vida.
Não se deixe enganar por charlatães nem por perguntas do género “Se você fosse um peixe, que peixe seria?”, ou “Se você fosse uma nuvem que forma teria?”.
Apenas a cor do seu papel higiénico lhe pode fornecer as pistas para a compreensão da sua verdadeira personalidade.

Faça já o teste e surpreenda-se com as revelações que irá descobrir sobre si mesmo.