Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Contentores


À custa de braços, força e suor,
À custa de cabos, roldanas e potência,
Erguem-se aos poucos paredes de metal,
Que delimitam da vista a consciência.
É o porto de Lisboa.

Os que trabalham em nada lhes merecem
Valor, porque ao ócio se renderam.
É na aparência das vistas aparentes
Que transparece o vazio que lhes vai dentro.
São os donos de Lisboa.

Esta cidade não é p’ra quem trabalha,
Que trabalho já não resta muito,
À custa de tanto despedimento.
Vamos chutá-los para a outra margem.
São os loucos de Lisboa.

Há os planos directores municipais,
Há planos aprovados a pedido,
Há directores municipais que são vendidos,
Há negócios para lucro de alguns.
São os chulos de Lisboa.

És cidade com porto e aeroporto,
Onde chega quem passeia e parte quem trabalha,
És cidade de cimento e alcatrão,
Cada vez mais vazia de pessoas.
É o teu fado, Lisboa