Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

domingo, 12 de outubro de 2014

O lápis


Pegou no lápis e rabiscou umas quantas palavras. Levantou a cabeça do papel e olhou para o relógio. Ainda não estava na hora, teria que esperar mais um bocado. Voltou a pegar ano lápis e continuou a escrever até ter bico. Um movimento mais brusco ao colocar um ponto final fez com que o bico se partisse. E estava fora de casa, não tinha como afiar o lápis.
Sim, estava irritado. Na verdade, o que estava mesmo era frustrado, desiludido, e isso é que lhe causava irritação. E a irritação reflectia-se na escrita.
Impossibilitado de escrever, resolveu reler a folha que tinha à frente. Nada daquilo fazia sentido, pensou quando acabou de ler. Mas também era verdade que não esperava que alguém lesse, escrevia apenas para passar o tempo, enquanto esperava pela madame.
Esperar era a sua especialidade. Esperava por alguém que não vinha, por algo que não acontecia. Esperava ter a coragem necessária para mudar.