Pegou no lápis e rabiscou umas quantas
palavras. Levantou a cabeça do papel e olhou para o relógio. Ainda não estava
na hora, teria que esperar mais um bocado. Voltou a pegar ano lápis e continuou
a escrever até ter bico. Um movimento mais brusco ao colocar um ponto final fez
com que o bico se partisse. E estava fora de casa, não tinha como afiar o
lápis.
Sim, estava irritado. Na verdade, o que
estava mesmo era frustrado, desiludido, e isso é que lhe causava irritação. E a
irritação reflectia-se na escrita.
Impossibilitado de escrever, resolveu reler
a folha que tinha à frente. Nada daquilo fazia sentido, pensou quando acabou de
ler. Mas também era verdade que não esperava que alguém lesse, escrevia apenas
para passar o tempo, enquanto esperava pela madame.
Esperar era a sua especialidade. Esperava
por alguém que não vinha, por algo que não acontecia. Esperava ter a coragem
necessária para mudar.