Procurei-te nos caminhos perdidos na
memória. Vasculhei os recantos mais sombrios do pensamento e só encontrei
sombras do passado. Nuvens tenebrosas cobriam com pingos de chuva os locais
outrora percorridos por alegres raios de Sol. O vento soprava inclemente e a
cada nova rajada trazia-me aos ouvidos ecos distantes do teu nome.
Apetecia-me sentar mas além do chão que
pisava não havia mais nada. Apetecia-me voltar para trás mas sabia que tinha
que continuar em frente. Apetecia-me fazer alguma coisa diferente daquilo que
sabia que tinha que fazer. Apetecia-me fazer tanta coisa, mas era tarde. Era tão
tarde.
Um carro passou por mim e uns metros mais
adiante parou na berma da estrada. Quando me aproximei uma janela abriu-se e
uma voz lá de dentro perguntou-me para onde ia e se queria boleia. Agradeci a
oferta recusando-a, dizendo que não valia a pena molhar-lhe o carro pois estava
ensopado. O local para onde ia não era longe, acrescentei.