Estávamos ali os dois parados no meio da
ponte. A ponte era suficientemente larga para passarmos os dois, mas nenhum de
nós o fez.
Não se tratava daquela típica estória em
que só cabia um de cada vez, e após uma discussão e combate para ver quem
passava, aprendem o conceito de cooperação e então um recua para deixar o outro
passar, avançando depois em seguida.
Não, não era nada disso, era mais sério.
Era uma história real e não daquelas patranhas pseudo-moralistas para fazer
lavagem ao cérebro a criancinhas.
Na verdade não queríamos ir os dois na
mesma direcção, era precisamente o oposto, cada um de nós queria ir para o seu
lado da ponte.
O problema, há sempre um problema, é que o “meu”
lado da ponte era o que ela queria. Haveria algum tipo de cooperação que
pudesse resolver isso?
Não, cooperação não havia. O que havia era
falta de paciência, que também resolve muitas coisas.
Há sempre um outro lado do outro lado do
rio. “Outro lado” é apenas uma questão de perspectiva.
Foi para lá que me dirigi.