Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
A escarpa dos ventos uivantes
Não gostaria de ali passar a noite, era a única ideia que lhe vinha à cabeça. E já tinha passado tantas noites em tantas praias. Mas ali...
Olhando em volta o que via era uma escarpa imponente atrás de si e o mar sem fim à sua frente. E era precisamente por isso.
Do mar soprava o vento gelado que lhe arrancava o chapéu e despenteava o cabelo, que batia em cheio na rocha e penetrava em cada orifício, que trepava por cada fresta até ao cimo e depois já livre da parede que oprimia continuava o seu caminho até às nuvens.
Cada abertura na parede rochosa produzia à passagem do ar o seu som característico, e todas juntas criavam uma sinfonia de gritos como se todos os naufragos do mundo ali tivessem ido parar arrastados pelas correntes.
Sim, ainda bem que não iria passar a noite ali.