Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Horta funerária


Estragaram-me tudo. Restam apenas uns tomateiros espezinhados. As canas que eu poderia reaproveitar desapareceram, presumo que foram para o lixo. O saco de adubo que estava mais de meio continua lá sim, mas roto e sem conteúdo.
Que pedreiro é este que coloca pedras de mármore ao alto espetadas na terra, em vez de as assentar em cima do muro? Deve ter errado a vocação, devia ser coveiro. Agora basta colocar outra pedra por cima e pronto, fica ali um belo jazigo. E não há morto nenhum que se possa queixar de falta de espaço.
O único lado positivo é que eu, que sempre fui um zé ninguém, finalmente tenho onde cair morto.