Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
domingo, 18 de setembro de 2016
A história de uma caneca de cerveja
Um dia encontrei-a. Estava mais magra, tive até dificuldade em reconhecê-la. Não, não estou a dizer que ela era gorda. O aspecto geral era magra, embora a roupa folgada disfarçasse, o que me chamou a atenção foi um pescoço de galinha, tipo "pele e osso" a sair da blusa, e onde se notavam as veias salientes, Por cima, um rosto encovado, e uns olhos escuros, ela que até tinha os olhos claros, Pareciam tristes, mas quem sou eu para falar da tristeza alheia.
Chamei-a a medo, com receio de me enganar, mas aparentemente reconheceu-me logo e veio ter comigo. Levantei-me, cumprimentá-mo-nos e ficamos ali a olhar, com cara de parvos, pelo menos era essa a sensação com que fiquei. Deixei-me cair na cadeira e disse-lhe para se sentar também.
Não sei se é possível dividir o cérebro, mas eu acabei de dividir o meu e enquanto uma metade procurava desesperadamente algo para dizer, a outra metade recrimináva-me por a ter chamado, eu que não tinha nada para lhe dizer.
As únicas frases trocadas eram as banais "olá como estás" e "o que é que tomas", e coisas do género, até ela ter reparado que eu estava a tomar uma caneca de cerveja e comentar que nunca me viu beber tanto. De facto eu dantes quase não bebia, o desporto levado a sério a isso obrigava.
Recriminei-me por beber tanto. Se eu me tivesse limitado a beber a imperial do costume há muito que não estaria ali e não a teria encontrado.
Mas hoje, por qualquer razão desconhecida, pedi uma caneca, e ali fiquei. E agora?