Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

domingo, 25 de setembro de 2016

A merenda


O Sol já se despedia, os seus longos raios quase paralelos ao chão projectavam sombras infindáveis.
A vida, aquela que mexe, já há muito que tinha abandonado o local. Só ele continuava ali,
Foi só quando uma das muita formigas que até agora tinham mantido uma distância segura, lhe subiu pela sandália e o começou a picar, que se apercebeu da necessidade de regressar.
A toalha, segura apenas por uma ponta debaixo do cesto do piquenique, era presa fácil do vento e sacudia migalhas em todas as direcções, para grande satisfação das formigas, que assim o tinham deixado em paz até agora.
Qualquer coisa tinha corrido mal e não sabia bem o quê. A meio ela foi-se embora e deixou-o ali especado. Tão embrenhado nos seus pensamentos que se esqueceu de comer.
Deitou a mão à cesta e lá estava quase tudo, embora só se salvasse o que estava em caixas de plástico, o resto tinha sido tomado de assalto pelas formigas.
Sacudiu tudo o melhor que pode, e voltou a arrumar o que podia aproveitar, o resto foi para o saco do lixo.
Já com a mochila às costas e a caminho do carro ocorreu-lhe uma ideia. Talvez o problema fossem as sandes de atum. Talvez ela não gostasse de sandes de atum.