Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A menina dança?


Percorri o salão, primeiro com o olhar para me certificar de que a costa estava livre, depois em passos curtos estudados, contornando as mesas, as cadeiras, as pessoas, até chegar junto dela.
Abeirei-me, inclinei-me para a frente com as mãos atrás das costas e perguntei-lhe: A menina dança?
Maria Costa olhou-me de alto a baixo primeiro, depois respondeu mostrando que a costa afinal não estava livre, pelo menos de preconceitos.
Não, disse ela, não dançava, e achava até uma ousadia e uma insolência da minha parte fazer-lhe tal proposta. Nunca as nossas duas classes tão afastadas no tempo e no espaço se poderiam aproximar nem que fosse temporariamente por meio de uma simples dança. Que não voltasse nunca mais a dirigir-lhe a palavra.