Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
domingo, 15 de novembro de 2015
O urso
Não passava de um animal. Irracional e inerte. Não raciocinava nem se mexia. Mas via as coisas à sua maneira. E custava-lhe a entender o mundo que o rodeava. Sobretudo quando esse mundo incluía humanos. Não percebia porque é que eram todos iguais.
Sabia distinguir todos os ursos que conhecia, os que habitavam na sua zona e com os quais se cruzava. Todos tinham a sua personalidade, o seu jeito próprio de fazer as coisas.
Mas os humanos faziam-lhe confusão. Tirando as aparências, a cor do pelo que lhes cobria a cabeça, a cor e o feitio das peles de outros animas com que cobriam o corpo e a que chamavam roupas, tudo o resto, o essencial, era igual em todos: todos eram superiores aos restantes seres, inclusivamente entre eles alguns eram mais superiores do que outros, todos eram donos de alguma coisa, todos viviam dentro de muros fechados à chave para se guardarem a si e às suas coisas.
Que vida estúpida devia ser a dos humanos. Não trocaria nunca a sua vida de peluche por uma dessas.