Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Um repuxo na praça


Era quase inverno, anoitecia cedo e arrefecia mais cedo ainda. Muito antes de os ponteiros do relógio chegarem à hora do jantar já o prenúncio frio da noite convidava mais a ficar em casa do que a expor-se ao vento, na praça.
No entanto, foi precisamente ali, junto ao repuxo, que combinara encontrar-se. Havia uma razão para isso. Aquele local, àquela hora estaria practicamente deserto, com excepção de um ou outro passante apressado no seu caminho de regresso a casa.
Não se importava. O que tinha para dizer não era nada de caloroso ou reconfortante. Era antes a fria despedida da desilusão.
Sim, sentia-se desiludido, frustrado e cansado. Sobretudo cansado de remar. Há meses, anos, que remava cada vez com mais vigor na tentativa de se aproximar. O que acontecia era que cada vez estavam mais longe porque a corrente da indiferença e do desprezo eram mais fortes.
Sim, perdera, e por muito que lhe custasse tinha que o admitir e parar de uma vez por todas, antes de se cansar mais.