A noite estava estrelada. Esticou as pernas
para a frente, deixou cair o corpo para trás até ficar apoiado nas costas do
banco, colocou as mãos atrás da nuca com os dedos entrelaçados e deixou-se ali
ficar a olhar o céu.
Tantas estrelas. Pelas suas contas deviam
ser mil e uma. Todas aquelas que tinha ali à sua frente e eram tantas, deviam
ser umas mil, depois havia mais uma, a outra, a decadente, que não lhe saia da
cabeça.
Estrela decadente era o nome mais
apropriado que encontrou para a definir. Sim, não tinha vergonha de o admitir, adorou-a
como se fosse uma estrela, tantos caminhos que percorreu ao ritmo da sua luz,
para ir ter com ela, para estar com ela.
De repente, sim foi de repente, sem
qualquer aviso prévio, a luz deixou de estar lá. Ela estava, mas a luz não.
Era a mais brilhante de todas. Foi-se a
luz, vieram as trevas. Depois de um período em que nem iluminava nem respondia
aos apelos, o corpo e os olhos foram-se aos poucos habituando à nova realidade.
A confiança estava perdida, o melhor era
começar a procurar outra órbita.