Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Estrela decadente


A noite estava estrelada. Esticou as pernas para a frente, deixou cair o corpo para trás até ficar apoiado nas costas do banco, colocou as mãos atrás da nuca com os dedos entrelaçados e deixou-se ali ficar a olhar o céu.
Tantas estrelas. Pelas suas contas deviam ser mil e uma. Todas aquelas que tinha ali à sua frente e eram tantas, deviam ser umas mil, depois havia mais uma, a outra, a decadente, que não lhe saia da cabeça.
Estrela decadente era o nome mais apropriado que encontrou para a definir. Sim, não tinha vergonha de o admitir, adorou-a como se fosse uma estrela, tantos caminhos que percorreu ao ritmo da sua luz, para ir ter com ela, para estar com ela.
De repente, sim foi de repente, sem qualquer aviso prévio, a luz deixou de estar lá. Ela estava, mas a luz não.
Era a mais brilhante de todas. Foi-se a luz, vieram as trevas. Depois de um período em que nem iluminava nem respondia aos apelos, o corpo e os olhos foram-se aos poucos habituando à nova realidade.
A confiança estava perdida, o melhor era começar a procurar outra órbita.