Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Verde sombra


Uma sombra de dúvida, verde como o verde que nos rodeava, perpassou pelos seus olhos. Apesar do ruido consegui ouvir os seus olhos a dizerem que não.
A boca mantinha-se fechada, eram apenas os olhos que falavam. A resposta era sempre a mesma: não.
Procurou uma pedra e depois sentou-se. Ali ficou olhando demoradamente em redor, fixando cada pormenor.
A boca por fim falou, mas não disse nada que os olhos já não tivessem dito. Pareceu-me a mim que a boca falou com muito menos convicção do que os olhos, como se fosse uma desculpa, como se houvesse uma segunda intenção.
Procurei outra pedra e sentei-me também. Ali fiquei a "ouver" os seus olhos.
Os salpicos de água tudo molhavam, os cabelos, os rostos, as roupas. Ajudavam a disfarçar as lágrimas.
Por fim levantou-se e eu levantei-me também. Iniciámos o caminho de regresso. Quando saimos da sombra tudo se tornou mais claro.