Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A dona do vestido amarelo

                                                       Lisboa, 20 Novembro 2013

… 
- É a madrinha do noivo…
- Tanta coisa para dizeres só isso? Não a conheço mas já me tinha apercebido disso.
- Não me deixaste acabar…, chama-se Lucinda e foi minha namorada.
- Ah ah ah ah ah ah ah. Não consigo parar de rir. Já namoraste aquela bruxa? Ah ah ah ah ah
- Bruxa é a tua tia, pá!
- Ah ah ah ah, olha só o vestido! E os sapatos! E o penteado! Estavas sem óculos quando a encontraste? Ah ah ah
- Não sejas parvo, foi minha colega na escola.
- Colega de escola? Ah ah ah ah ah, andava na primária quando entraste para a faculdade, não? Parece ter menos uns quinze anos que tu.
- Ggrrr, eu pareço ter mais quinze anos? Obrigadinho ó grande amigo. Olha, quem está a ficar velho e surdo és tu, eu não disse colega DE escola, disse colega NA escola, conhecemo-nos no ano em que estive lá em baixo na escola da vila, é professora de música.
- Ah, deste-lhe música e apaixonou-se pelos teus dotes de cantor.
- Por acaso até foi ao contrário. Eu nem tinha reparado nela, uma vez já no segundo período eu ia a passar distraído a ler o livro de ponto e ela estava a esbracejar tipo maestro a reger uma orquestra, bem, deu-me um encontrão que aterrei em cima da máquina de fotocópias. Foi numa altura em que a sala de professores estava em obras, a máquina estava apoiada em cima de uns caixotes e quase caia dali abaixo, por sorte a parede estava logo atrás e amparou senão a queda tinha sido bem maior e teria entrado em despesas.
- Ah, então está explicado, na queda bateste com a cabeça, ah ah ah.
- Oh, deixa-te disso, olha ela é que me ajudou a levantar do chão.
- Oooohhh, que romântico, isso foi amor à primeira vista, não, espera aí que tu nem viste nada, foi amor à primeira cacetada, ah ah ah.
- Eh pá, a rapariga fez-te algum mal para estares só a gozar com ela?
- Eu estou é a gozar contigo burrrrro. Olha lá, então e porque é que acabaram?
- Ela depois foi colocada noutra escola, longe.
- E?
- E o quê?
- Isso é motivo?
- É, nem podíamos falar, foi quando me roubaram o telemóvel.
- Ok, tá bem, não queres contar não contes.
- Eu estou a contar, tu é que não queres acreditar.
- Desculpa lá, ninguém se separa só por uma coisa dessas. Tem de haver outras razões.
- Sim mas essa foi a principal.
- Ah! Ah! Eu sabia. Eu sabia. Afinal havia outra. Ora conta lá, vou-te psicanalizar.
- Tu vais mas é $%&£€@?#. Agora está na hora de irmos aos salgadinhos.