Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A parede

                          Cacilhas, 13 Outubro 2013

Quando olhou para cima deu de caras com uma enorme parede à sua frente.
“Mas como raio é que eu vim aqui parar”, pensou.
Não sabia, de facto. Fez o caminho quase todo de olhos postos no chão, não que estivesse triste ou cabisbaixo, nada disso, antes pelo contrário, como uma criança que não se importava de ser nem de parecer, vinha seguindo uma linha imaginária ao mesmo tempo que tentava não pisar as arestas de junção das lajes, o que fazia com que a progressão fosse tudo menos em linha recta.
Isto tudo enquanto cantarolava baixinho a última música que estava a aprender na viola. Aqui sim, importava-se com as aparências, não gostava que o ouvissem a cantar e que achassem que cantava mal. Não era por nada, era só porque de facto era verdade.

Agora em relação à parede…
Era alta demais para a poder ultrapassar. Só lhe restava voltar para trás. Mas para onde? Não sabia de onde tinha vindo. Para falar verdade nem sabia para onde ia. Quando se pôs ao caminho pensava apenas que iria ter a algum lado. E de facto foi. A uma parede.