“Mas como raio é que eu vim aqui parar”,
pensou.
Não sabia, de facto. Fez o caminho quase
todo de olhos postos no chão, não que estivesse triste ou cabisbaixo, nada
disso, antes pelo contrário, como uma criança que não se importava de ser nem
de parecer, vinha seguindo uma linha imaginária ao mesmo tempo que tentava não
pisar as arestas de junção das lajes, o que fazia com que a progressão fosse
tudo menos em linha recta.
Isto tudo enquanto cantarolava baixinho a
última música que estava a aprender na viola. Aqui sim, importava-se com as
aparências, não gostava que o ouvissem a cantar e que achassem que cantava mal.
Não era por nada, era só porque de facto era verdade.
Agora em relação à parede…
Era alta demais para a poder ultrapassar. Só
lhe restava voltar para trás. Mas para onde? Não sabia de onde tinha vindo. Para
falar verdade nem sabia para onde ia. Quando se pôs ao caminho pensava apenas que
iria ter a algum lado. E de facto foi. A uma parede.