Não se avista vivalma. Avistam-se vivos mas
não são almas.
O vento sopra com força, levantando
turbilhões de areia, que afinal não passa de lixo acumulado nos passeios.
O sol inclemente obriga a semicerrar os
olhos por baixo do turbante, em forma de óculos Ray-Ban comprados numa loja de
chineses.
Os camelos caminham devagar sob o calor,
todos iguais nos seus fatos cinzentos, aliviando a rédea com a forma de uma gravata,
como manda a ministra.
Ninguém olha, ninguém vê, ninguém repara,
todos seguem apenas e só a sua rota pré-definida.
De repente, avisto um oásis. No meio do
grande nada deserto, alguém estende a mão a alguém.
Seria um acto de solidariedade sem dúvida,
não fosse tratar-se de uma miragem. Era a gaja da EMEL com o papelinho da multa
de estacionamento.