Da janela vejo o rio
E o que está para lá dele.
Vejo um barco e sorrio,
Imagino que vou nele.
O vento que dá na vela
Empurra-me até ao mar.
Navego, que vida bela,
Já não quero mais voltar.
Vou p’ra longe do passado
Em busca de um futuro.
No presente, o nosso fado
Destrói-nos, não o aturo!
Há mais terras neste mundo
Que têm menos ladrões.
Só quero encontrar, no fundo
Descanso p’rós meus serões.
Adeus ó minha janela
Vou para outra cidade.
E tudo por causa dela
A puta da austeridade.