Por momentos penso que não poderia haver
mais. Puro engano, havia mais. Ainda havia mais chuva para cair, mais
relâmpagos para iluminar o céu escuro, mais trovões para ensurdecer os ouvidos.
O temporal era dos grandes e estava encharcado,
mas isso nem era o pior. O corpo molhado acaba por secar. O pior mesmo era que
a estrada tinha chegado ao fim. Sim, eu sei que procurando bem encontra-se
sempre um atalho, uma vereda, uma viela por onde, com maior ou menor
dificuldade, se pode passar. Tal como os becos: mesmo um beco sem saída, tem
sempre uma entrada.
Só que aqui é diferente. Não é a falta de
caminho, que por acaso até nem há. Mas mesmo que houvesse. É a falta de
motivação.
Cheguei ali para nada. Continuar para quê,
se além do nada apenas há mais nada?