Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A casa sem nome


Ali onde a luz do Sol não entrava e o ar há muito que perdera a frescura da brisa que descia da serra, habitava um homem sem nome.
As janelas só com muito boa vontade se podiam chamar janelas. O chão era um tapete de lixo onde em alguns sítios os pés se enterravam até ao tornozelo. As paredes eram apenas os suportes que impediam que o tecto desabasse. O tecto, esse, era apenas um rendilhado de tábuas carcomidas que deixavam passar as gotas de chuva e de onde pendiam ramos de hera, teias de aranha e morcegos.
Nada ali respondia pelo seu nome próprio. Era uma casa sem nomes.
Até o tempo se recusava a entrar desde que o relógio se transformara num mostrador ferrugento a que faltavam os ponteiros.