Não havia luz, só o brilho pálido da Lua
coado por farrapos de nuvens que ainda não se tinham desfeito em chuva.
Não havia sons, só a música triste e
ritmada da maré a embater nas rochas do paredão.
Não havia cheiro, só o perfume acre do lodo
deixado a descoberto pela maré.
Não havia calor, a noite estava fria e tu
não te chegavas a mim.
Mil vezes me aproximei, mil vezes te
afastaste.
Mil vezes te chamei, mil vezes não
respondeste.
Mil vezes te olhei, mil vezes viraste a
cara.
Tenho a agradecer-te a confiança que
depositas e mim. No regresso, enquanto eu conduzia tu dormias profundamente.